Do estado de Sucre, na Venezuela, a jovem imigrante Katherine Castillo, 18 anos, escolheu o Ceará para tentar se estabelecer, começar uma nova vida e realizar os seus sonhos. Ela conseguiu a primeira experiência profissional em Fortaleza, por meio do programa de Aprendizagem do Primeiro Passo, uma parceria do Governo do Estado com o IDESQ. Atualmente, Katherine faz o curso de administração e é jovem aprendiz da loja Freitas Varejo.
Há anos a Venezuela enfrenta uma crise econômica, política e humanitária. A população venezuelana sofre com a falta de empregos e de abastecimento de alimentos e, por conta disso, tem procurado refúgio nos países vizinhos, como o Brasil.
Os pais de Katherine, por exemplo, deixaram a Venezuela e vieram para o Ceará, onde já estão há cerca de 5 anos. A jovem ficou morando no país com uma tia e com os avós. Mas, em 2018, Katherine decidiu sair da Venezuela e partir para o Brasil, onde tentou morar em vários locais, antes de se estabelecer no Ceará.
“Primeiramente, cheguei no estado de Roraima, também estive no Rio Grande do Sul e São Paulo e agora no Ceará. Vim para Fortaleza porque os meus pais já estavam morando aqui e eu tinha que me reencontrar com eles”, afirma a jovem. De acordo com ela, foi difícil se adaptar a todos estes lugares, com exceção do Ceará, onde ela encontrou mais estabilidade e foi bem recebida.
“Quando eu cheguei aqui no Brasil, não foi aqui em Fortaleza, não estava estudando ainda e foi difícil me adaptar. Queria voltar para o meu país, mesmo que estivesse do jeito que estava. Agora, eu cheguei aqui em Fortaleza e foi uma experiência mais bonita, tem uns lugares bem lindos. Estou estudando numa escola e tive a oportunidade de entrar no Primeiro Passo. Por agora, não penso mais em voltar para o meu país, a Venezuela”, diz Katherine.
“Agora quero me estabelecer aqui, terminar os meus estudos, alcançar meus sonhos e trabalhar. Fui recebida muito bem pelo cearense, conheço poucas pessoas, mas são legais e amigáveis. Isso me ajuda a me adaptar mais rápido”, comenta a jovem aprendiz.
Para a coordenadora de Inclusão Social da Secretaria de Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos (SPS), Robertha Arrais, o projeto Primeiro Passo tem como objetivo se tornar cada mais vez mais inclusivo.
“A gente procura sempre estar voltado para o atendimento de pessoas em situação de vulnerabilidade, que historicamente tenham menores condições, tenham mais dificuldade de ingresso no mercado de trabalho. Isso já aconteceu quando começamos a trabalhar pautas de pessoas com deficiência, a questão da igualdade racial, pessoas trans e na área da política LGBT”, comenta.
Seguindo essa ideia, o projeto começou a debater a inclusão também de jovens imigrantes neste ano de 2020. “Tudo começou com uma integração entre duas coordenadorias da Secretaria, a coordenadoria da área de cidadania e a nossa aqui na área de inclusão social. A primeira coisa que a gente fez foi adequar os instrumentais para receber esses jovens, porque eles têm uma documentação própria, eles não têm RG, é um outro número de identificação”, afirma Robertha.
Além disso, a coordenadoria abriu um diálogo com a Secretaria da Educação para identificar jovens imigrantes que estejam estudando em escolas públicas e que possuam o perfil do projeto Primeiro Passo.
“É importante destacar que a gente só atende jovens com a documentação devidamente regularizada. Não abrimos vagas para imigrantes, são as mesmas vagas. Só que dentro dessa política inclusiva do projeto, nós priorizamos o atendimento desses jovens imigrantes. Então, se forem surgindo jovens dentro do perfil, a gente vai priorizando as pessoas que estão em situação de maior vulnerabilidade e ingresso no mercado de trabalho”, explica Robertha, comentando que as inscrições podem ser feitas no site da SPS.